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Tebwin Red Tiger Gaming Opinião - Carlos Adriano: Bashô fez da forma breve do haicai uma duradoura epifania


data de lançamento:2025-01-18 15:58    tempo visitado:62


[RESUMO] Cineasta relembra o poeta Matsuó Bashô (1644-1694)Tebwin Red Tiger Gaming, que estabeleceu a tradição do haicai japonês, forma breve de poesia em três versos, similar a "um instantâneo fotográfico", que "flagra uma observação do momento e deflagra uma breve (e duradoura) epifania", e especula como suas criações influenciaram diversas manifestações artísticas.

Reza a lenda que, ao ver uma rã pular no lago e na água rolar um rumor, baixou em Bashô o satori (iluminação) sobre a verdade do zen. Matsuó Bashô era um samurai que se converteu em sumo rei do haicai (a minimal poesia japonesa) como instrutor e autor, além de ter sido um monge budista. Em 2024, completam-se 380 anos de seu nascimento (1644) e 330 anos de sua morte (28 de novembro de 1694).

Mas, uai, o que há num haicai? Para escrevê-lo, usam-se o kanji (ideograma) e o hirakaná (silabário). Nasceu do tanka, forma clássica com 31 sílabas em duas estrofes: uma, com três versos de 5, 7 e 5 sílabas; outra, com dois versos de 7.

Autorretrato de Matsuo Bashô, poeta japonês que escrevia haicais Autorretrato de Matsuo Bashô, poeta japonês que escrevia haicais - Divulgação/Divulgação

Estrutura compartida, permitia a criação coletiva de poemas, encadeados em séries denominadas renga, que, como gênero cômico e epigramático, viraram renga hai-kai. A primeira estrofe soltou-se à parte e se chamou haikai ("hai" é brincadeira e "kai", harmonia).

Bashô transformou o aspecto de divertimento que caracterizava a poesia de seu tempo e lugar em instante de alumbramento, inspirado na filosofia do zen-budismo. Como um instantâneo fotográfico, o haicai flagra uma observação do momento e deflagra uma breve (e duradoura) epifania. Coloca o coloquial em diálogo com o indizível, ignora rimas e a última sílaba tônica como métrica, beneficiando-se do idioma japonês e suas aliterações, onomatopeias e paronomásias.

O haicai tem uma parte descritiva (a situação e a sensação no espaço-tempo, definidas pelas estações do ano e um acontecimento do real) e uma perceptiva (a expressão espirituosa da impressão inesperada). O jogo dá-se entre a suposta simplicidade (ou modéstia) e a patente complexidade (ou mistério). Entre seus traços detectáveis estão: condensação, objetividade, acaso, elegia à natureza, projeção de imagens, cesura dos versos, mu-ga (a conjugação / conjuração do "não eu") e kigo.

Kigo determina a estação em que se passa o poema ou que o origina, seu "hic et nunc" inaugural. A passagem fugaz das estações rima com as sensações efêmeras (e a própria condição) do poeta. Um haicai não deixa de ser uma não resposta (à maneira de um koan) ao carpe diem, dito latino preconizado pelo poeta romano Horácio e o persa Omar Khayyam. O momento pregnante da transcendência está colado ao cotidiano (aquela mútua cota de dano) e à imanência do inexplicável das coisas naturais e humanas.

Pelo exercício ascético e gracioso de síntese, o haicai é uma espécie de ideologia poética materialista-dialéxica de raiz zen-budista. A Bashô bastou a visão para a fulguração na figuração, a configuração de encanto e encontro. Além do sentido de duração (Sêneca, Bachelard), a brevidade denota a curta extensão —o permanente e o contingente, em ponto de mutação (kireji).

joguinho fortune tiger Casa onde viveu o poeta Matsuo Bashô, em 1644, em Ueno-shi, na província de Mie ken, no Japão - Osny Anashiro/Divulgação/Osny Anashiro/Divulgação

Escritor devoto da cultura japonesa, R. H. Blyth descreve o haicai como "uma porta aberta que parece fechada". O prosélito Paul-Louis Couchoud enuncia: "É o mais elementar dos gêneros poéticos. Não é comparável ao dístico grego ou latino, ou ao quarteto francês. Não é um ‘pensamento’, nem um provérbio, nem um epigrama nos sentidos moderno e antigo, mas uma inscrição, um quadro em três pinceladas, uma vinheta".

Para Bashô, o haicai é dô (caminho), para ver e viver a vida. Dados contemporâneos a ele ramificam-se nos zen-jardins, como chadô (arte do chá), kadô (ikebana, caminho das flores), chudô (caminho da caligrafia), bushidô (rota do guerreiro, código de ética de samurais). Se o sinônimo chinês de dô é tao (caminho), Li Po é o correspondente chinês (poético mas não existencial) de Bashô. Po, aquele bêbado que tentou agarrar o reflexo da lua no lago e morreu afogado.

No anzol do satori-haiku citado no início deste artigo, eis dez traduções:

"velho lago / mergulha a rã / fragor d’água" (Alberto Marsicano);

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"um / ar // ãp / ul // ag / oa" (Augusto de Campos);

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"velha / lagoa // uma rã / merg ulha / uma rã // águaágua" (Décio Pignatari);

"Ah! o antigo açude! / E quando uma rã mergulha, / o marulho da água." (Guilherme de Almeida);

"o velho tanque / rã salt’ / tomba / rumor de água" (Haroldo de Campos);

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"Nem grilo, grito, ou galope; / No silêncio imenso / Só uma rã mergulha – plóóp!" (Millôr Fernandes);

"Ah, o velho lago. / De repente a rã no ar / e o baque na água." (Olga Savary);

"O velho tanque / uma rã mergulha, / Barulho de água" (Paulo Franchetti e Elza Doi);

"velha lagoa / o sapo salta / o som da água" (Paulo Leminski);

"o tanque estanque // mergulho de rã: t / shi / bun ! // circunfluindo ..." (Josely Vianna Baptista).

Sem pretensões exaustivas e em extrações paradoxais, com indefectíveis lapsos, seria possível especular, indisciplinadamente, sobre uma interdisciplinaridade do haicai.

No cinema, Yasujiro Ozu, Abbas Kiarostami (cujos poemas são haicais), Robert Bresson, Albert Serra, Naomi Kawase. Na seara dos filmes de vanguarda, onde a poesia talvez mais viceja: Kurt Kren, Ernie Gehr, Man Ray, Stan Brakhage, Helga Fanderl.

Na música, Anton Webern, John Cage, Giacinto Scelsi, bossa nova (João Gilberto), minimalismo (Tony Conrad), Walter Franco, Thelonious Monk. Nas artes plásticas, Malevitch, Barnett Newman, Klee, Mondrian, Giotto, Volpi, Hokusai.

Na fotografia, Jacques Henri Lartigue, Geraldo de Barros. Na dança, Kazuo Ohno, Pina Bausch. No teatro, Samuel Beckett, Denise Stoklos. Na filosofia, Roland Barthes escreveu um livro inteiro sobre o Japão ("O Império dos Signos"). Na literatura de prosa, Jorge Luis Borges, Michel ButorTebwin Red Tiger Gaming, James Joyce.